A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou uma nova regra que promete mudar o acesso a medicamentos popularmente conhecidos como “canetas emagrecedoras”. A partir de 60 dias após a publicação no Diário Oficial da União, a compra de medicamentos como Ozempic, Wegovy, Saxenda e Mounjaro exigirá a retenção de receita médica nas farmácias. A medida, publicada na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 471/2021, busca controlar o uso indiscriminado desses fármacos, que têm sido amplamente utilizados para emagrecimento.
Por que a Anvisa tomou essa decisão?
A decisão foi motivada por uma carta aberta do Conselho Federal de Medicina (CFM), que destacou a necessidade de maior controle na prescrição de medicamentos à base de semaglutida (Ozempic e Wegovy) e liraglutida (Saxenda e Victoza). Apesar de classificados como tarja vermelha, que exige receita, muitos estabelecimentos comercializavam esses produtos sem a devida documentação, facilitando o acesso indevido.
Os diretores da Anvisa, como Daniel Pereira, enfatizaram a importância de proteger a população contra o uso abusivo desses medicamentos. Desenvolvidos inicialmente para tratar diabetes tipo 2, eles ganharam popularidade no combate à obesidade, com estudos indicando perda de até 17% do peso corporal em um ano. Contudo, o uso sem acompanhamento médico pode trazer sérios riscos à saúde.
Como funcionam as canetas emagrecedoras?
As canetas emagrecedoras contêm substâncias como a semaglutida e a liraglutida, que imitam o hormônio GLP-1, produzido no intestino. Elas atuam em três frentes:
• Hipotálamo: Controla a saciedade, reduzindo o apetite.
• Fígado: Diminui a produção de glicose.
• Pâncreas: Estimula a liberação de insulina.
Na prática, esses medicamentos podem reduzir o consumo calórico em até 40%, dependendo da dosagem, promovendo uma sensação de saciedade prolongada.
Riscos e contraindicações
Apesar dos benefícios, as canetas emagrecedoras podem causar efeitos colaterais, especialmente no sistema gastrointestinal. Os mais comuns incluem:
• Náusea e vômito
• Diarreia ou constipação
• Dor abdominal
• Refluxo ou azia
• Fadiga
Um efeito raro, mas grave, é a pancreatite, que pode afetar até 1 em cada 100 usuários, segundo a bula. Por isso, o uso é contraindicado para:
• Pessoas com alergia aos componentes
• Pacientes com histórico de pancreatite
• Indivíduos com carcinoma medular de tireoide (ou histórico familiar)
• Grávidas e lactantes
Além disso, especialistas como a nutricionista Sophie Deram alertam que o uso indevido pode levar ao reganho de peso e até desencadear comportamentos compulsivos.
Impacto na saúde pública
A obesidade é um desafio global, afetando 56% dos adultos brasileiros e mais de 1 bilhão de pessoas no mundo. Associada a complicações como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e doença hepática gordurosa, a condição exige tratamentos eficazes e seguros. As canetas emagrecedoras têm se mostrado uma alternativa promissora, com resultados próximos aos da cirurgia bariátrica, mas o uso sem orientação médica pode comprometer a segurança do paciente.
A nova regra da Anvisa reforça a importância de um acompanhamento médico especializado, garantindo que apenas pacientes com indicação clínica tenham acesso a esses medicamentos.
O que esperar?
Com a obrigatoriedade da retenção de receita, espera-se uma redução no contrabando e na venda irregular de canetas emagrecedoras. Farmácias terão que reforçar seus controles, e pacientes precisarão consultar médicos para obter prescrições válidas. A medida também pode estimular uma maior conscientização sobre os riscos do uso indiscriminado.
Para mais informações sobre saúde, obesidade e tratamentos, continue acompanhando nosso blog. Confira também o G1 Explica: semaglutida para um guia completo sobre esses medicamentos.
Fonte: G1
Confira mais notícias.