A compra de uma farmácia física em São Paulo marca a possível entrada do MercadoLivre no segmento farmacêutico brasileiro, trazendo inovação e novos desafios para as redes tradicionais. O que pode mudar para consumidores e empresas.
A notícia da recente compra de uma farmácia pelo Mercado Livre em São Paulo movimentou o setor e acendeu o alerta entre concorrentes consolidados como RD Saúde (Raia Drogasil) e Pague Menos. Este passo inicial pode representar uma revolução no varejo farmacêutico, prometendo redesenhar modelos de venda e atender a uma demanda crescente por conveniência e integração digital.
Segundo informações apuradas pelo jornal O Globo, o Mercado Livre teria realizado a aquisição por meio da Kangu, sua subsidiária de logística, com o objetivo de testar alternativas para a comercialização online de medicamentos não sujeitos à prescrição médica. Em nota oficial, o Meli confirmou que está adquirindo uma “empresa que comercializa medicamentos”, sem divulgar detalhes, mas prometendo revelar mais informações em breve.
O impacto da notícia foi imediato: as ações da RD Saúde caíram quase 7% e as da Pague Menos, 4%. Analistas do mercado apontam que, embora não haja impactos graves no curto prazo, existe um grande risco de disrupção para o setor farmacêutico no médio e longo prazo, principalmente caso ocorram mudanças na regulação e novas formas de venda de medicamentos sejam permitidas.
Uma das estratégias destacadas pelos especialistas é a “inteligente” superação de obstáculos regulatórios. Para vender medicamentos pela internet no Brasil, é obrigatório que a venda seja feita a partir de uma farmácia licenciada, com um farmacêutico disponível 24 horas por dia. A presença física serve como um “mini centro de distribuição”, possibilitando vendas digitais sem ferir as regras atuais da Anvisa. É possível que o Mercado Livre use essa farmácia como projeto piloto e, futuramente, expanda a operação para outras cidades, adquirindo lojas estrategicamente localizadas.
O contexto regulatório também é de intensa debate: o Projeto de Lei 2158, em discussão no Senado, pode liberar a venda de medicamentos em supermercados, elevando ainda mais a concorrência. Analistas sugerem que o Mercado Livre está se preparando para um ambiente mais flexível, onde poderia usar sua expertise em logística e tráfego digital para capturar parte deste mercado multibilionário.
Apesar da movimentação, analistas reforçam as vantagens competitivas das farmácias tradicionais, especialmente em velocidade de entrega — hoje, redes como a RD conseguem realizar 96% das entregas em menos de uma hora — além do atendimento personalizado e capilaridade da rede. Ainda assim, o Mercado Livre pode acelerar mudanças profundas na experiência do consumidor e abrir novas oportunidades para o setor.
O que está claro é que o varejo farmacêutico brasileiro vive um momento histórico de transformação. O setor aguarda os próximos passos do Mercado Livre e as mudanças regulatórias que podem redefinir o futuro das farmácias no país.
Fontes: Exame e Brazil Journal
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